Atendimento Educacional Especializado para pessoa com surdez

Atendimento Educacional para Pessoa com surdez.

Josane de Sousa Veloso

O atendimento educacional especializado para a pessoa com surdez, na perspectiva inclusiva, estabelece como ponto de partida a compreensão e o reconhecimento do potencial e das capacidades desse ser humano, vislumbrando o seu pleno desenvolvimento e aprendizagem. As diferenças desses alunos serão respeitadas, considerando a obrigatoriedade dos dispositivos legais, que determinam o direito de uma educação bilíngue, em que Libras e Língua Portuguesa escrita constituam línguas de instrução no desenvolvimento de todo o processo educativo. O AEE deve promover o acesso dos alunos com surdez ao conhecimento escolar em duas línguas: em Libras e em Língua Portuguesa, a participação ativa nas aulas e o desenvolvimento do seu potencial cognitivo, afetivo, social e linguístico, com os demais colegas da escola comum.

A prática pedagógica do AEE parte dos contextos de aprendizagem definidos pelo professor da sala comum, que realizando pesquisas sobre o assunto a ser estudado elabora um plano de trabalho envolvendo os conteúdos curriculares. Segundo Damázio (2007), no trabalho pedagógico com os alunos com surdez nas escolas comuns, em um ambiente bilíngue, é indicado um período adicional de horas diárias de estudo para a execução do AEE (Atendimento Educacional Especializado). A autora afirma que neste atendimento destacam-se três momentos didático-pedagógicos:

- AEE em Libras, em que todos os conhecimentos dos conteúdos curriculares, são explicados nessa língua por um professor, sendo o mesmo preferencialmente surdo.

- AEE de Libras, no qual os alunos com surdez terão aulas de Libras, favorecendo o conhecimento e a aquisição, principalmente de termos científicos. Este trabalhado é realizado pelo professor e/ou instrutor de Libras (preferencialmente surdo);

- AEE para o ensino da Língua Portuguesa, no qual são trabalhadas as especificidades dessa língua para pessoas com surdez. Este trabalho é realizado todos os dias para os alunos com surdez, à parte das aulas da turma comum, por uma professora de Língua Portuguesa, graduada nesta área, referencialmente.

Damázio (2007), ainda destaca que o planejamento AEE deve ser elaborado e desenvolvido conjuntamente pelos professores que ministram aulas em Libras, professor de classe comum e professor de Língua Portuguesa para pessoas com surdez. Os professores envolvidos no planejamento também selecionam e elaboram os recursos didáticos para o AEE em Libras e em Língua Portuguesa, respeitando as diferenças entre os alunos com surdez e os momentos didático-pedagógicos em que serão utilizados. Desta forma, percebe-se a importância da professora da classe comum ter um mínimo de conhecimento sobre as especificidades da pessoa surda e de sua língua.

Embora a inclusão seja o paradigma mais atual na área da educação das pessoas com deficiência e esta discussão já estar em pauta a mais de 15 anos,  muitos profissionais da educação ainda apresentam uma visão distorcida sobre as pessoas com deficiência, especialmente sobre as pessoas com surdez. O principal motivo desta distorção é a falta de preparo e de conhecimento que acaba por promover a segregação das pessoas com deficiência principalmente do âmbito escolar.

No entanto é preciso que a nossa sociedade acredite na inclusão e assim contribua para o desenvolvimento de uma Educação que atenda a todos, ouvintes e oralistas, onde o processo de construção do saber possa ser compartilhado também por todos.

Referência Bibliográfica                                                        

DAMÁZIO, M.F.M; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas Com Surdez- Atendimento

Educacional Especializado Em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V .5.2010. p.46-57.